Vivências em Tertúlias

As tertúlias dialógicas são uma atuação educativa de êxito cientificamente validada pela comunidade científica internacional.  Trata-se de encontros culturais e educativos realizados regularmente entre pessoas dispostas a dialogar sobre obras universalmente consideradas como clássicas, tendo por base teórico-metodológica a Aprendizagem Dialógica.

As tertúlias dialógicas sempre devem ser realizadas com obras clássicas universais, visando democratizar o acesso às melhores criações de diferentes campos de conhecimento. Assim, podemos realizar tertúlias literárias dialógicas, tertúlias musicais dialógicas, tertúlias dialógicas de artes, tertúlias dialógicas pedagógicas e tertúlias dialógicas científicas. A atemporalidade, a densidade e a universalidade dos temas abordados nas obras clássicas permitem que diferentes pessoas, independentemente de escolaridade, idade, classe social, gênero, pertencimento cultural, étnico e racial, presença de deficiências, etc., reflitam sobre situações de sua própria vida e compartilhem conhecimentos, compreensões e experiências que desejarem.

Para garantir o espaço de participação igualitária, é fundamental que uma das pessoas participantes se responsabilize por organizar as falas, observando a constituição da aprendizagem dialógica por sete princípios:

Diálogo igualitário: numa interação, o direito de fala deve ser garantido a todas as pessoas participantes, de modo equitativo, dando-se preferência de fala a quem menos falou. Os argumentos são apreciados em função de sua validade e não da posição social ocupada por quem fala.

Inteligência cultural: a capacidade de aprender e de aprender de diferentes maneiras é característica própria dos seres humanos ao longo da vida; nossa inteligência é cultural, ou seja, contextualmente situada. Portanto, todas as pessoas são capazes de participar de um diálogo igualitário, contribuindo com seus conhecimentos e aprendendo mediante a interação dialógica.

Transformação: aprender dialogando e valorizando tudo o que aprendemos ao longo de nossas vidas vai transformando cada pessoa, num sentido pessoal: sentimo-nos capazes de aprender muito e mais coisas, o que altera nossas relações conosco e com nosso entorno. Ao mesmo tempo, em espaços coletivos, por meio do diálogo igualitário, cada pessoa percebe que pode se engajar em processos de transformação social.

Dimensão instrumental: o diálogo igualitário não se opõe à aprendizagem de conhecimentos mais acadêmicos e instrumentais, mas sim à sua exaltação como única forma valiosa de conhecimento. Ao mesmo tempo, não se pode negar que são os conhecimentos acadêmicos e instrumentais que predominam na mediação e moldagem das relações sociais e institucionais na contemporaneidade, sendo chave de participação social, política e econômica. Por isso, é necessário garantir que todas as pessoas possam ter acesso à dimensão instrumental da educação, analisando os conhecimentos a partir de suas experiências e necessidades e transformando-os em instrumento para atuação mais autônoma na atual sociedade.

Criação de sentido: frequentemente, em nossa sociedade, temos a sensação de que há um sistema que determina nossas vidas, de que não somos capazes de definir e de conduzir nossos projetos de existência e, por isso, pouco a pouco ocorre perda de sentido. Por meio da aprendizagem dialógica o sentido ressurge, já que assumimos a condução de nossas relações com as pessoas de nosso convívio.

Solidariedade: os âmbitos dialógicos de aprendizagem são abertos à participação de todas as pessoas: não há obstáculos econômicos já que as atividades são gratuitas; também não há obstáculos acadêmicos, já que se entende que todos podem ensinar e aprender a partir de suas inteligências culturais. A solidariedade interpessoal é transpassada para a solidariedade social: mediante a interação coletiva, percebe-se que determinados problemas sociais acometem muitas outras pessoas, e que é possível lutar juntas para superar estes problemas e garantir direitos a todas.

Igualdade de diferenças: este princípio prevê a igualdade social como um fator essencial à garantia da diversidade cultural e vice-versa. Isto significa o direito de todos e todas obterem condições objetivas dignas de vida e de poder viver e pensar de maneira diferente.

Para saber como funciona uma tertúlia, veja o vídeo disponível no link: TERTÚLIAS DIALÓGICAS LITERÁRIAS - Exemplos na Prática

Para saber mais, acesse o site do NIASE.